Ao longo das épocas, os padrões de beleza sofreram grandes alterações. Ao tornarem-se um ideal, esses padrões tornaram-se motivo de sofrimento para quem não se enquadrava neles. Não é por menos que se investe tanto em fazer “reparos” no corpo.

Além dos padrões instituídos pela indústria da moda, existem também os padrões que carregam algum “respaldo” científico. Confesso que, a meu ver, até mesmo estes podem ser perigosos. Sou magra, fui magra praticamente durante toda a vida, tenho um estilo de vida saudável, com resultados excelentes em exames médicos, mas abaixo do peso no cálculo do IMC. Fui a uma nutricionista que rapidamente calculou meu IMC e me disse que deveria ganhar 10 kg. Bom, uma única vez em minha vida, devido ao uso de um medicamento anticoncepcional, eu tive esses 10 kg a mais, e não fiquei nem um pouco satisfeita com eles. De volta ao corpo magro, apesar de fora dos “padrões”, sinto-me plenamente feliz e satisfeita.

Muita gente acaba experimentando o contrário do que experimentei. Vai a um médico ou nutricionista e sai com a notícia de que precisa perder alguns (ou muitos) quilos. Vai às lojas de roupa e sentem um pouquinho de dificuldade em encontrar algo que fique bem. Infelizes com os quilos “extras”, iniciam as mais diversas dietas e tentativas de emagrecer. Colocam, muitas vezes, em risco a saúde na busca por um corpo “ideal”.

Nos últimos meses, temos ouvido bastante sobre um concurso chamado “Miss Plus Size” – um concurso destinado a mulheres que durante muito tempo estiveram fora dos padrões de beleza socialmente instituídos.

Hoje pela manhã, no site do G1 foi publicada uma matéria sobre a ganhadora do “Miss Nordeste Plus Size”. A jovem relata ter demorado para se permitir usar roupas GG. Durante anos teve dificuldade em aceitar estar “acima” do peso. Fora dos padrões idealizados pela indústria da moda, sentia dificuldade em encontrar roupas bonitas e adequadas para o seu corpo. Felizmente, duas mudanças aconteceram: a primeira e mais importante foi que ela aprendeu a se reconhecer bonita como é; a segunda mudança é que as lojas, atualmente, possuem uma oferta maior de roupas bonitas e adequadas ao seu corpo.

Não sou contra nutricionistas e médicos. Apoio o trabalho de bons nutricionistas e médicos que não se concentram apenas em uma fórmula de IMC ao atender um paciente, ou a uma tabela de ‘peso x altura’. Mais do que ter um peso ideal é necessário ter qualidade de vida. Se o peso excessivo ou o acúmulo de gordura localizada prejudicam a saúde, eles precisam ser eliminados. Mas, se não há implicações para saúde, por que gerar uma sobrecarga emocional no paciente?

Pessoas saudáveis, fora dos padrões de beleza (seja no peso, altura, seios, glúteo, tipo de cabelo, etc…) podem ser felizes se aprenderem a aceitarem que são belos como são. E por meio da aceitação serão capazes de cuidar muito melhor de si, conservando ainda mais a beleza que possuem. O bonito e o feio está muito mais na mente de cada um do que nas formas externas. Trabalhar a aceitação é o primeiro passo para chegar a ser uma “Miss Plus Size”. É também o primeiro passo para ser feliz em qualquer situação.