Todos os dias são publicados artigos científicos, notícias ou matérias sobre doenças psicossomáticas. O stress e seus efeitos têm sido alvo de muitos estudos e de comentários na mídia. De igual forma a angústia, a depressão e a ansiedade costumam também ser temas quando se fala em somatização.

Mas, mesmo com a popularização do tema (ou devido à popularização do tema de forma equivocada), ainda tem muita gente entendendo doença psicossomática, ou somatização de questões emocionais, como doença imaginária. O famoso “é psicológico” parece carregar sobre si o título de “irreal”, “invenção”, “imaginação”.

Tomo a liberdade para exemplificar o que estou dizendo, com um texto que li num site de notícias essa manhã. O texto vinha expondo muito bem como se pode desenvolver doenças psicossomáticas, até chegar à seguinte frase:

“Em pacientes em que a somatização é confirmada – ou seja, quando são eliminadas pelo médico as possibilidades de doenças concretas – a psicoeducação é a alternativa de tratamento indicada.” JornalNH

Observe que, segundo a matéria, a somatização é confirmada quando um médico descarta as possibilidades de doenças concretas. Isso é o mesmo que dizer que na somatização a doença não é concreta. Uma falácia.

Quem acompanha minhas postagens semanais já está de certa forma habituado com esse tema, e sabe o carinho que tenho por estudá-lo. Pense comigo, o vitiligo ou a psoríase na pele de alguém não é uma doença concreta? A úlcera no estômago ou a enxaqueca que uma pessoa sente não é concreta? Quem convive com a somatização sabe o quão concreto isso é, e sabe que o tratamento desses problemas demanda acompanhamento médico e psicológico.

Doença psicossomática não é doença imaginária, é algo que surge no corpo em função de algo que não foi bem resolvido na mente, e nem por isso é menos real do que algo que surge por herança genética ou transmissão por vírus ou bactérias. Uma gripe não é mais concreta do que as manchas que aparecem na pele de quem não está sabendo lidar com o stress.