Contar mentiras é um comportamento mais comum do que podemos imaginar. Em uma pesquisa realizada no final da década de 90, verificou-se que os participantes contavam uma mentira a cada 8 minutos¹. Apesar de frequente e comum, não podemos dizer que esse é um comportamento natural. Estudos em neurociência verificaram que mentir demanda um esforço adicional ao cérebro¹.

Não vou negar que mentir é um talento social. Sim, porque muitas mentirinhas, aquelas que descrevemos no diminutivo porque julgamos ser pequenas e, por que não, necessárias, colaboram em muitos momentos para a manutenção de relacionamentos. Isso porque não seria “elegante”, “socialmente adequado”, ou, sendo bem direta, não traria boas consequências, dizer à sogra, em seu primeiro almoço na casa dela, que a comida não estava boa. Quando ela pergunta se você gostou, você pensa “essa comida estava horrível”, mas sorri gentilmente e leva à boca mais uma garfada, demonstrando satisfação. Você não quer comprometer seu relacionamento amoroso, nem deixar a sogra constrangida. Por isso, cheio de boas intenções, você mente.

É verdade que em alguns casos essa mentirinha pode ficar por isso mesmo, sendo tratada como sinônimo de educação. Mas em muito casos ela revela uma falta de habilidade social. Imagine agora ter que almoçar a cada quinze dias na casa da sogra, sem gostar da comida dela. Não seria melhor ser assertivo, dizer que está faltando sal, ou que você não gosta de determinado tempero, e permitir que a sogra aperfeiçoe suas habilidades culinárias? Como você se sentiria se as pessoas lhe elogiassem por algo que você fez, e que não foi tão bom como elas disseram que foi? Se você não contar para a sua esposa que determinada roupa não fica bem nela, vai ter que continuar saindo com ela mal vestida, até que uma amiga dela contate um programa de TV para fazer um milagre no estilo de sua esposa e ela seja exposta em rede nacional, juntamente com seu mal gosto para roupas, e seu marido mentiroso. Bom… na melhor das hipóteses, ela pode descobrir por si só, e questioná-lo o motivo de não ter sido sincero.

O que estou tentando mostrar é que ainda que “mentirinhas” ajudem relacionamentos, elas também prejudicam relacionamentos. Além de prejudicar relacionamentos, elas também podem prejudicar a saúde. Um estudo recente, realizado nos Estados Unidos, verificou que quem mente menos tem menos sintomas físicos, sofrem menos de estresse e tem maior sensação de bem estar².

Desenvolver habilidades sociais, aprender a dizer o que pensa e sente, da forma correta e no momento adequado, faz bem para a saúde emocional, mental e dos relacionamentos.

¹ Ninguém vive sem mentir.
² Quem mente menos tem saúde melhor, indica estudo.