Já ouvi e li diversas críticas às redes sociais e a seus usuários. Uma das mais recentes foi “twitter, pra mim, é pra quem não tem o que fazer“. Bom… ao meu ver, quem faz uma crítica dessa mal sabe o poder e o potencial que o twitter, assim como outras redes sociais, possui.

Não podemos negar o grande potencial econômico e poder de disseminar informações rapidamente, das redes sociais, e quão positivo isso pode ser para quem saber usar bem esses recursos. Contudo, tenho refletido, nos últimos dias, sobre os efeitos negativos que são também potencializados por essas redes, principalmente no que diz respeito aos relacionamentos.

Três matérias que li, recentemente, tratam dos problemas que redes sociais podem potencializar nos relacionamentos:

Em todos eles, há algo em comum – quem sofre é quem valoriza demais o comportamento alheio (o que também ocorre na vida off-line). Por exemplo:

Quem dá muita importância ao que os outros fazem, e gasta boa parte de seu tempo vigiando a vida alheia, é o principal prejudicado por sua vigilância compulsiva. Ainda que quem é vigiado possa ser prejudicado em algum momento, é quem vigia que sofre por mais tempo com a ansiedade provocada pelos pensamentos obsessivos e a necessidade constante de saber da vida alheia.

Aquele que é bloqueado no Facebook, ou não é seguido pelos amigos, sofre mais que os amigos que o bloqueiam ou não o seguem. Talvez as mensagens que ele compartilha não são agradáveis, ou o uso que ele faz da informação que os amigos disponibilizam não é muito bom. Mas, dificilmente essas pessoas reconhecem que seu comportamento na internet não é adequado para a manutenção dos relacionamentos no mundo virtual, e transferem suas mágoas para o mundo off-line.

Quem fica passeando pelo perfil dos outros sem ter muito o que fazer, também está sujeito a sofrer mais, com um sentimento chamado inveja. Sem contar frustrações e chateações sentidas por ver como uma pessoa é popular nas redes sociais, ou como a vida dela parece ser perfeita enquanto a sua própria vida parece sem sentido.

Tudo isso já acontecia antes das redes sociais. Não foi com o advento delas que as pessoas começaram a vigiar a vida alheia, desfazer amizades ou sentir inveja da felicidade do outro. Contudo, o volume de informações e a rapidez com que elas chegam através da web tornaram essas situações ainda mais frequentes. A pessoa que sentia um pouquinho de inveja da grama verde do vizinho, demorava uma ou duas semanas para saber que ele havia sido promovido, mais uns dois dias para saber que ele havia comprado um carro novo, mais umas duas ou três semanas para ver que ele  estava de namorada nova também, e algum tempo mais para suspeitar que ele havia viajado para algum lugar que não se sabia ao certo onde. Dava tempo de sentir a inveja aos poucos! Hoje, ele descobre imediatamente que seu vizinho foi promovido, comprou carro novo, está de namorada nova, viajou com ela para a Europa, e já fez uma porção de outras coisas incríveis que ele pensa que nunca poderá fazer. Tudo isso, em poucos minutos, com meia dúzia de cliques em um álbum chamado “A vida que eu pedi a Deus”.

E aqui ainda podemos adicionar o comportamento tão comum, atualmente, de expor-se, em alguns momentos violando sua própria privacidade, revelando ao público o que de outro modo permaneceria velado ou no mínimo reservado às relações mais íntimas; a falsa ideia de se ter centenas de amigos, quando se é humanamente incapaz de conhecer a todos eles; e a sensação cruel, mas real, em alguns momentos, de estar cercado de gente do mundo inteiro, e ainda assim estar sozinho.

E eu me pergunto: até que ponto, para algumas pessoas, tem sido proveitoso usar as redes sociais? Suspeito que alguns viviam melhor sua vida social antes de viver em um universo de tantas atualizações.