“Quem é você?”
Para mim, essa é uma das perguntas mais difíceis de responder. Primeiro, porque quando vamos respondê-la, geralmente respondemos a uma série de outras perguntas, e no fim parece que não a respondemos. Por exemplo: “eu sou Karyne, psicóloga, cristã, adventista, blogueira, filha, irmã, esposa, pianista, etc…”. Nesta resposta, eu respondo às seguintes perguntas: “Qual o seu nome?”, “Qual a sua profissão?”, “Qual a sua religião?”, “Que outras atividades você faz?”, “Tem irmãos?”, “É casada?”.

O outro motivo pelo qual considero essa pergunta difícil de ser respondida é o fato de sermos dinâmicos. Nós não somos seres estáticos! Nós mudamos com o tempo, com o clima, com o lugar, com o horário do dia, com a época do ano, nas diferentes fases de nossa vida… Quando estamos sozinhos somos um, quando estamos com pessoas do sexo oposto somos diferentes. Enfim… somos passíveis de transformação, aprendemos coisas novas e nos transformamos a todo momento. Por isso, para mim, o verbo “ser” parece não ser muito aplicável ao humano!

E isso é fantástico! É belo! Isso nos permite acreditar na mudança, na transformação, no adaptar-se e se desadaptar. Isso nos dá condições de recomeçar quando tudo parece acabado. Essa capacidade mutante quebra paradigmas, e permite o menino pobre se tornar um homem de sucesso, e a menina com dificuldade de aprendizagem se tornar Doutora.

Atrevo-me a usar o verbo “ser”, para concluir este pensamento. Não somos revestidos por uma couraça rígida, mas por uma pele macia e flexível. Não viemos ao mundo embalados por um rótulo. Não nascemos com um Manual de Instruções. Somos tão únicos, diferentes e mutantes que um Manual de Instruções não comportaria tantas possibilidades do nosso ser. Por isso, aposto no “estar”, pois somente a capacidade de estar nos possibilita sermos vários de nós mesmos em diversos espaços e tempos – a beleza do existir!