No texto “Educar sem palmada”, publicado aqui há algumas semanas, falamos sobre três recursos que atuam na educação – diálogo, exemplo e experiência pessoal. Já falamos aqui sobre os dois primeiros recursos. Hoje falaremos sobre o terceiro.
A experiência pessoal é, a meu ver, o meio mais eficaz de se adquirir valores, atitudes e comportamentos. Você pode combinar regras e conversar com a criança, pode dar exemplo de como agir, mas quando esses recursos falham, a experiência pessoal entra em cena com sua ação poderosa.
Vamos a um exemplo bem simples:
Começam as aulas e a criança chega em casa, deixa mochila no meio da sala, tênis na cozinha, livro no quarto, tudo espalhado por onde ela passa. A mãe conversa com a criança (diálogo) sobre a necessidade de manter tudo em seu lugar, do contrário, quando ela precisar de algo ela não encontrará. A mãe cuida em ela mesma manter suas próprias coisas em ordem, cada uma em seu lugar, para dar exemplo à criança. Num belo dia, na hora de sair para a escola, a criança não encontra a borracha. Procura rapidamente pela casa, mas não encontra. Vai para a escola assim mesmo. Dias depois, novamente na hora de sair para a escola, ela não encontra um dos livros que precisa para a aula daquele dia. Como tem coisas de escola espalhadas por vários cômodos e móveis, ela não consegue lembrar onde guardou o livro, em que lugar deixou da última vez que usou, e novamente tem que ir para a escola sem o material completo.
Se o diálogo e o exemplo da mãe não ajudaram essa criança a entender que cada coisa deve ser guardada em seu lugar para que possa ser encontrada com facilidade depois, pela experiência pessoal ela aprenderá essa lição. Seria muito melhor aprender pela conversa ou com o exemplo do outro, mas, em alguns casos, somente “passando aperto” e sentindo as dores das consequências dos atos, é que muita gente aprende.
A experiência pessoal confirma a validade das regras e dos acordos feitos com a criança. É experimentando que ela descobrirá se o acordo que foi feito e as regras que foram colocadas terão de fato as consequências prometidas. É experimentando que ela descobrirá se é bom, ou não, reproduzir alguns comportamentos aprendidos com o exemplo dos pais. É pela própria experiência que a criança aprenderá como o mundo responderá às suas atitudes, comportamentos e valores.
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