Quando estava grávida do Ben, participei de um grupo online de gestantes, gerido pela minha doula Cristina Melo. Assim que o Ben nasceu, passei a fazer parte do grupo de pós-parto dela, também online. Em julho (2016), o Ben completa 6 meses e terei que deixar o grupo (o grupo é destinado a mães de bebês até 6 meses). O coração já fica apertado. Como faz bem participar de um grupo de pessoas com interesses e necessidades semelhantes!

Tornar-se mãe é uma verdadeira aventura. Tudo é novidade, mesmo para quem não é mãe de primeira viagem, pois cada criança é uma caixinha de surpresas. Num belo dia seu bebê não consegue mamar, só chora, sente dor e se joga para trás ao começar a sugar no seio. O que fazer? Nem todas as mães passam por isso, mas algumas passam, e num grupo de pós-parto conseguimos trocar ideias, nos acalmar, descobrir que não somos as únicas a passar por algumas situações.

Isto aconteceu comigo. Ben começou a ter dificuldade de mamar. Para mamar tranquilamente, ele precisava estar dormindo. Se estivesse acordado, era uma verdadeira novela, muita dor e choro para ele e um aperto no coração para mim. Compartilhei com o grupo o que estava acontecendo. Algumas das mães me sugeriram leituras, outras me deram dicas de como agir e compartilharam suas experiências comigo. Outras amigas, de fora do grupo, fizeram o mesmo! A solução do problema do Ben levará algum tempo ainda. Mas o alívio que eu senti e a sensação de que tudo vai dar certo foram imediatos.

O suporte social é uma das formas de enfrentamento (ou coping) que temos para lidar com os estressores do dia a dia. Durante minha pesquisa de mestrado, verifiquei que portadores de vitiligo costumam utilizar grupos na internet como suporte social, para o enfrentamento da doença e das situações associadas a elas. Como eles, existem muitos outros que utilizam este recurso. Existem grupos para pessoas que desejam perder peso, grupos sobre amamentação, grupos para portadores de diversas doenças, ou para profissionais de determinadas áreas, etc… Podemos lançar mão deste recurso para facilitar o enfrentamento de situações delicadas ou desafiadoras.

Existem estratégias de coping que são focadas no problema. Outras são focadas nas emoções. E um terceiro tipo de estratégias tem um foco interpessoal. Neste último tipo de estratégia, a pessoa que está passando pela situação de estresse busca suporte nas pessoas de seu círculo social [1].

Tenho experimentado, em meu dia a dia, como mãe, a importância do suporte social. Tenho certeza que a ajuda de meu esposo, minha família (de forma especial, a minha mãe, quem tem sido o meu braço direito) e minhas amigas, está sendo fundamental para que eu passe por esse período de desafios e novidades sem sofrer com o estresse.

Há quem pense “mas eu não tenho ninguém por mim”, ou “meu problema está exatamente relacionado às pessoas de meu círculo social”, e com isso conclua que o suporte social não é uma ferramenta que lhe sirva. Contudo, grupos na internet funcionam muito bem como suporte social, basta sabermos selecioná-los. Um profissional psicólogo também é uma fonte de suporte social. O primeiro passo é procurar a ajuda!


  1. ANTONIAZZI, Adriane Scomazzon; DELL’AGLIO, Débora Dalbosco; BANDEIRA, Denise Ruschel. O conceito de coping: uma revisão teórica. Estud. psicol. (Natal),  Natal ,  v. 3, n. 2, p. 273-294,  Dec.  1998 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X1998000200006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em  28 de  Junho de  2016.