Muito se fala em diálogo, mas cada dia que passa as pessoas parecem usar menos esse recurso tão útil na resolução de problemas, na execução de tarefas em grupo e, por que não, na educação das crianças.
Alguns pais acham um absurdo a ideia de sentarem para conversar com os filhos. Pensam que precisam apenas dar as ordens, e as crianças precisam apenas obedecer. Outros concordam que o diálogo é importante, mas acabam utilizando esse recurso de forma errada, cansativa ou agressiva, fazendo com que os filhos tenham pouco ou nenhum interesse em gastar tempo conversando com seus pais. Uma minoria é feliz em utilizar o diálogo na educação das crianças. Eu conheço pessoas que fazem parte dessa minoria, e posso afirmar, essa estratégia funciona.
Mais do que explicar alguns dos motivos pelos quais a criança deve agir de uma forma e não de outra, o diálogo é um recurso importante na criação do vínculo afetivo entre pais e filhos. É nos momentos de conversa que a criança aprende a dividir suas angústias e alegrias com os pais, e descobre se os pais estão interessados em saber o que se passa em sua vida. Parte da confiança que a criança desenvolve em seus pais está relacionada à qualidade do diálogo que existe entre eles – “Se meus pais se importam com o que eu penso e sinto, eles querem o melhor para mim”.
É certo que para cada faixa etária existe um limite de compreensão dos porquês, mas explicar aos filhos os motivos pelos quais devem ou não agir, faz com que a criança tenha razões para fazer o que os pais estão orientando. Se aquilo que é possível de se explicar for conversado com a criança, no momento em que não for possível explicar algo ela confiará nos pais, pois até ali eles têm se preocupado e dar-lhe a melhor orientação.
Outro aspecto importante do diálogo diz respeito ao fato de que nem tudo que é óbvio para o universo adulto está tão claro no universo infantil. Às vezes as crianças são reprovadas por atitudes inadequadas que elas não sabem que são inadequadas. Elas não nascem conhecendo o mundo que as cerca e suas normas e valores. Elas precisam aprender essas coisas, e o lar é o primeiro ambiente de aprendizagem. Antes de punir a criança por uma atitude inadequada é preciso pensar se foi dado a ela chance de conhecer que aquilo não é certo. Essa comunicação de como se deve agir, que valores se deve ter, também são passadas por meio do diálogo.
Por fim, é no diálogo que estabelecem-se os acordos – se o comportamento for esse, a conseqüência será essa. A forma como os acordos são feitos (se a criança pode ou não opinar, se há flexibilidade ou intransigência, etc.), em si, já atua na transmissão de valores como justiça, respeito e honestidade.
É certo que alguns pais, em sua infância, não tiveram a oportunidade de dialogar com seus pais. Isso faz com que eles sintam-se inseguros quanto a como fazer isso com seus filhos. O segredo é experimentar e se preciso buscar ajuda profissional. Ninguém nasce sabendo. Nem os pais!
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