“Não consigo ter relações sexuais”. Essa fala pode estar relacionada a uma série de dificuldades e/ou problemas, entre eles o vaginismo.
De acordo com a definição do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-IV), “a característica essencial do Vaginismo é a contração involuntária, recorrente ou persistente, dos músculos do períneo adjacentes ao terço inferior da vagina, quando é tentada a penetração vaginal com pênis, dedo, tampão ou especulo”.
É comum que a paciente chegue ao consultório médico ou psicológico com a queixa de que não consegue ter penetração ao relacionar-se sexualmente e que as tentativas causam dores. O fato é que muito além de uma dificuldade fisiológica, o vaginismo está relacionado também a aspectos psicossocioculturais.
Em um estudo¹ realizado no México, verificou-se a influência de fatores como:
- Baixa autoestima;
- Submissão (com o sentido de uma necessidade exagerada de suportar sofrimento – ser subjugada);
- Falta de informação sobre sexo;
- Medos em relação ao sexo;
- Problemas conjugais.
Liliam G. L. Soares e Gerson P. Lopes² destacam alguns fatores que se relacionam com o desenvolvimento de medos em relação ao sexo. São eles:
- Educação punitiva, em que a criança adquire uma imagem negativa sobre sexo em função de haver tido um pai extremamente autoritário e uma mãe passiva.
- Influência religiosa, em que o sexo é tratado como pecado.
- Ignorância sobre o próprio corpo, em que o desconhecimento auxilia na produção de ideias falsas sobre a condição da vagina e o ato sexual.
- Relações sexuais traumáticas, especialmente as primeiras.
Dada esta condição, o tratamento do vaginismo inicia por avaliação e orientação médica (ginecológica) e é continuado por um acompanhamento psicoterápico.
Na sessão de encerramento da terapia, uma jovem que sofria com vaginismo me disse que se soubesse que a terapia iria ajudá-la a resolver seu problema ela teria procurado antes. Ao resumir o que havia aprendido durante a terapia, entre outras coisas, ela escreveu:
“Quanto antes eu tomo a decisão de mudar algo que não está bom, mais tempo eu tenho para aproveitar a mudança depois.”
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1. Sánchez, B. C., Carreño, J., Martínez, S. & Gómez, M. E. (2005). Disfunciones sexuales femeninas y masculinas: comparación de género en una muestra de la Ciudad de México. Salud Mental, 28, 74–80.
2. Soares, L. G. L., & Lopes G. P. (1991). Vaginismo – Fatores Psicossocioculturais. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, 2(2), 127-130.
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